Crédito judicial negociável: saiba quais tipos podem ser vendidos legalmente
- LTZ Capital
- há 7 dias
- 3 min de leitura
Você sabia que nem todo crédito judicial pode ser negociado de forma segura e legal? Muitos advogados ainda têm dúvidas sobre quais são os tipos de precatórios, RPVs e outros créditos que podem ser cedidos ou vendidos, sem colocar o cliente — ou o próprio escritório — em risco jurídico.
Neste artigo, você vai entender:
O que a lei e os tribunais dizem sobre cessão de crédito judicial;
Quais são os tipos mais comuns e rentáveis;
Quais cuidados tomar na hora de intermediar ou orientar uma venda;
E como essa atuação pode se tornar uma fonte recorrente de receita para o seu escritório.

O que é um crédito judicial negociável?
Um crédito judicial é todo valor reconhecido judicialmente como devido por um ente público ou privado a uma parte vencedora do processo. Quando esse valor pode ser transferido a terceiros por meio de cessão, ele se torna negociável.
A cessão de crédito é amparada pelo Código Civil (art. 286 a 298) e pelo entendimento consolidado nos tribunais, desde que:
O crédito esteja constituído (liquidação e sentença transitada em julgado);
Não haja cláusula contratual que proíba a cessão;
O cessionário (quem compra) seja informado da natureza e riscos do crédito.
Principais tipos de créditos judiciais que podem ser negociados
Abaixo estão os mais comuns e valorizados no mercado de compra e venda de precatórios e créditos:
1. Precatórios
Créditos superiores a 60 salários mínimos contra entes públicos. Podem ser:
Federais, pagos pela União;
Estaduais ou Municipais, com regimes próprios de pagamento.
✅ Negociáveis com alta segurança jurídica, desde que já expedidos.
2. RPVs – Requisições de Pequeno Valor
Créditos até 60 salários mínimos, pagos sem inclusão em orçamento anual.
Mais rápidos, porém com menor margem para negociação.
Ainda assim, podem ser vendidos com deságio menor por serem pagos em até 60 dias após expedição.
✅ Negociáveis, principalmente em caso de clientes com urgência.
3. Créditos alimentares
Precatórios ou RPVs de natureza alimentar (aposentadoria, pensão, indenizações trabalhistas ou por doença).
Têm prioridade legal no pagamento.
São mais valorizados no mercado de cessão, especialmente se o cliente tem mais de 60 anos ou doença grave.
✅ Muito procurados por empresas financeiras.
4. Créditos previdenciários do INSS
Casos oriundos de revisões de benefícios, como:
Revisão da vida toda
Revisão do artigo 29
Revisão do buraco negro
Esses valores, quando transformados em precatórios ou RPVs, podem ser vendidos legalmente.
Veja aqui a diferença entre esses três tipos de revisão.
Créditos que não podem ser negociados ou requerem cautela
✖️ Ações em andamento sem sentença transitada em julgado
A cessão aqui é temerária, pois o crédito ainda é incerto.
✖️ Créditos com cláusula de inalienabilidade
Alguns contratos, especialmente em ações empresariais ou contratuais, podem proibir a cessão.
✖️ Créditos contra entes em situação falimentar ou sem liquidez orçamentária
Mesmo que legais, são de baixa atratividade comercial e alto risco.
Cessão de crédito judicial: cuidados obrigatórios
Ao intermediar ou orientar o cliente sobre a venda de seu crédito judicial:
Exija proposta formal da empresa compradora
Detalhe do valor ofertado, percentual de deságio e prazos.
Elabore contrato de cessão com cláusulas claras
Protegendo os direitos do cliente e validando o consentimento.
Notifique o tribunal sobre a cessão
Isso evita bloqueios no pagamento futuro.
Informe o cliente com total clareza
Evite qualquer alegação de má-fé ou conflito de interesse.
Para saber como encontrar bons negócios, veja: como identificar oportunidades de cessão de crédito em ações antigas
Parcerias estratégicas: monetização ética para advogados
Se você atua com precatórios, pode firmar parcerias éticas com empresas compradoras de crédito judicial. Essa prática é legal quando:
Há transparência na negociação;
O advogado não omite o valor real de mercado ao cliente;
A comissão recebida é pactuada com clareza e sem conflito de interesse.
Confira neste artigo como estruturar parcerias estratégicas entre advogados e empresas financeiras.
Dica extra: crie um banco de oportunidades
Utilize ferramentas como planilhas, CRMs ou softwares jurídicos para:
Catalogar sentenças transitadas em julgado;
Organizar precatórios expedidos por ano-base;
Controlar prazos de vencimento, prioridade ou orçamento.
Veja os softwares jurídicos gratuitos ou com bom custo-benefício que podem facilitar esse processo no seu escritório.
Atuar com crédito judicial é atuar com estratégia
Mais do que entender de leis, o advogado que atua com créditos judiciais precisa dominar o mercado que gira em torno dessas sentenças.
Saber quais créditos são negociáveis, como proteger o cliente e usar a cessão como um serviço consultivo de alto valor é o diferencial que posiciona você como referência no setor.
Comments